RETRATOS

"Completo vazio de uma realizade intermitente."

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Esses dias entrei no meu quarto olhei em volta e sorri.
Se qualquer outra pessoa entrasse ali, talvéz mandaria
chamar a vigilância sanitária.
Um amontoado de roupas no sofazinho velho,
a cama com a coberta jogada em cima meio amarrotada.
Chinelo no chão, sapato num canto.
Coisas feitas pela metade encostadas ao lado da prateleira
com as gavetas já tortas de tanto peso..
Caixas de papelão em cima do guarda roupas,
cds, dvds espalhados em volta do computador.
A escrivaninha no canto lotada de cremes e hidratantes que nunca usei.
Esmaltes com as mais variadas cores porém intocados.
Bolinhos de cabelo preto grudados no carpê.
...
Pode parecer estranho mas senti uma paz imensa dentro de mim..
Puxei a coberta, deitei na cama sentindo o friozinho do lençol,
senti o cheirinho do travesseiro macio e fechei os olhos.
Ninguém compreende a nossa bagunça.
Ninguém além de nós mesmos.
Aquele quarto bagunçado é o MEU lugar, onde cada pedacinho
significa algo.
Cada canto conta uma história.
Cada coisa guarda um segredo.
É um pouco de mim em cada parede.
Encaro assim a minha vida.
Por mais bagunçada que seja,
é minha
é única.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Eu


Eu olho lá fora
Tudo continua igual
As mesmas casas, a mesma avenida.
As flores caídas pelos chão.
Já não vejo aqueles que costumava ver.
As pessoas mudam, eu mudei.
Mas a essência não.
As vezes os segundos me trazem aquele olhar..
Já não sinto as mesmas sensações
O velho tic tac do meu coração reconhece
Mudo, calado.
O vento leva com ele as lembranças
Por mais que tardio ele se encarrega de levar consigo
E tudo paira acima de nós
Nunca esquecemos
Aprendemos a não lembrar.
Me olho no espelho
Quem sou, de onde vim pra onde vou?
Não sei.
Olho pela janela e vejo o tempo passar
É injusto ao mesmo tempo belo
As minhas escolhas me trazem as consequências
Quanto tempo dura um sorriso?
O meu eu brigando comigo,
São as dores que passei que hoje me
trazem a coragem.
Tudo é aprendizado.
Encolhida num canto
pensando
Eu deixo de ser eu
para ser o que quizer
Mesmo que por alguns instantes.

Amanda Costa


As vezes me pego pensando no nada
E dentro do nada encontro tudo aquilo
que me deixa confusa..

Porque será que a estabilidade nos incomoda?
Deve existir algo dentro de nós que não suporta
O tempo calmo o céu sem nuvens

A necessidade de me sentir viva
vem nem sei de onde..
Porque não podemos amar sem limites?

Eu tenho essa mania de viver no passado
De viver antecipadamente
De amar sem limites

Porque será que sempre quero mais?
Porque necessito de algo que me move?
Porque não sei lidar com a realização?

O nada pode ser muito mais que imaginamos
E o coração mais traiçoeiro do que gostaríamos...


Amanda Costa