Uma casa grande, uma varanda fria, ao fundo ouvia-se Bob Marley. Lá estavam todos eles em volta de uma mesa quadrada dentre as árvores. A fumaça tomava conta do local de uma forma que ao longe via-se apenas sombras. Risos e cabeças balançando ao passo que ouvia-se trechos de conversas embaralhadas "a vagabunda não quiz me chupar, desgraçada mesmo! Quem ela pensa que é?" Muitas risadas, um galho quebrando e mais uma vez burburinhos sem sentido. A loirinha de cabelos curtos sentada a beira da mesa de sinuca estava estranhamente calada. Quando vinham "eles" de olhos vermelhos, risadas amargas e olhos vorazes ela abaixava a cabeça. Olhavam-na e passavam rindo como quem se diverte com um segredo revelado. Ela era de um rosto meigo, olhos de criatura indefesa, e semblante triste. Levantou-se quando o viu passar em direção ao comodo onde os demais estavam. Rumou para a varanda fria ignorando o
vento que levantava sua saia cigana. Sentou num canto e chorou. Nem 5 minutos se passaram o garoto de olhos vermelhos apareceu, palavras sem sentido, cheiro agridoce... Tentou roubar-lhe um beijo ela virou-lhe a face. Anos atrás amaram-se como se não ouvesse céu ou inferno. O garoto insistente riu de seu semblante preocupado, num movimento só deitou-a no chão segurando-lhe os braços. " Porque está fazendo isso comigo?" " Mas não é disso que vc gosta mulher?" Mulher? Esquecera até mesmo que idade tinha. Não sabia se sentia raiva, tristeza ou desprezo. Tentou fugir, gritar, levantar dalí. Mas o rapaz dos olhos vermelhos abafava o som de seus gritos ao mesmo tempo que abria o ziper da calça com uma determinação voraz. Por um momento uma lágrima ameaçou escorrer daqueles olhos verdes. Um barulho em um arbusto denunciara que alguém via tudo e nada fazia para impedir o que estava por acontecer. " Abra a boca vadia!!!" Assim tão rápido como um piscar de olhos aquela boca rosada se abriu, os dentes brancos reluziram como navalhas. No chão uma poça vermelha ainda mais vermelha que os olhos do rapaz.
Amanda Costa
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